CARAVELAS DE CORRUPÇÃO
WELLESLEY NASCIMENTO
3ª EDIÇÃO INÉDITA
264
Dom Manuel, cá em Cabrália os regentes,
Rogam pela vida de qualquer bandido
Que em outros países se acham presos;
Mas jamais lutam por um palmo de virtude!
Cá os regentes mandam ouro e nióbio ao
oriente,
Mas não nos batéis de Marco Polo...
Roubam de V. Alteza e fazem deferência
A quem do outro lado do mundo se
encontra.
Cá as calheiras q’ se exaltam nas
tribunas
São as mesmas q’ roubam o povo cabralino.
265
Dom Manuel, em Cabrália ladrões
legalizados
Recebem 40 vezes mais do que a
plebe...
Além de um tal auxílio de tapera...
Q’ da 5 vezes mais do que um ganha um
plebeu;
Ainda há leis de retrocesso para
surrupiarem mais.
Esse é o paraíso dos ladrões, caro
Dom Manuel,
Os legalizados são os que roubam mais...
Se pegos com as mãos na botija se
aposentam,
Recebendo até a morte seus salários,
Sem sequer irem a julgamento e a prisões!
266
Cá em Cabrália ladrão julga ladrão,
E todos afundam a colônia cabralina
Surrupiando à toneladas o q Midas desejava;
E num piscar de olhos estão em liberdade,
Pisando na justiça e zombando as leis...!
Porém se qualquer faminto rouba para comer,
É setenciado a mais de 50 anos de prisão.
Uma geração corrompida está brotando
Sob o nariz de ministros e regentes
Q’ pisam na justiça e estupram todas leis.
267
Próximo as sesmarias da Barão da Lenha,
Mora uma moiçola muito linda...
Assim que pus os olhos na cachopa,
Pela beleza e libras fui enfeitiçado!
Dom Barbosa,disse ver a salamandra,
Em tochas de fogo transformada.
Dom Leonardo, ao ouvir a história,
Fez das terras, um queija esburacado,
Eu próprio com Dom Porfírio...
Ajudamos a esburacar a terra!
268
Enquanto eles
pensavam em bamburrar,
Eu pensava em ter
Barbosa como sogro
Enquanto aspirava
um Jean Nicott...
Suspirava pensando
em nosso noivado.
A canastra deve
ser dos jesuítas...
Pois eis que o
ouro se encantou
Assim como meus
olhos se encantaram,
Ao cruzar com os
da linda Barbasinha.
Se o tesouro não
desencantar...
O da madeixas há
de estar assegurado.
269
Dom Futtu, que anda de elmo ápico
Sem se importar em ser chifrudo,
Faz com q’ o antílope... o alce...
A rena e todos os demais ramudos,
Pejem,diante dos cornos bem lustrados.
Esse abade fez tantos e tantos bacanais,
Que não se podse confiar em mosteiros;
Hoje abadessas, padres, freis e freiras,
São sinônimos de libertinagem...
Com as saturnais q’ em oculto fazem.
270
Madame Maria, matriarca do clã
Santos,
Muito tem me auxiliado em minhas
desventuras;
Nesta colônia, nada, nada
promissora...
Cá as adegas de dom Cícero e dom
Pimentel
Abrigam uma tribo de boêmios
Que
bebem a noite inteira
Ao som do banjo e do cantar dos
fados.
Aos raios de luar argênteo,
Há bêbados dormindo sobre o orvalho,
E casais que amssam à mata...!
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